sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Cinema Rio Branco 1927

CINEMA RIO BRANCO EM NAZARÉ
Fundado às 15h do dia 11 de novembro de 1927 pelo cinéfilo Felisberto Ribeiro Soares, o prédio atravessou o século sendo o apego da população de Nazaré.
O cinema está localizado em meio a um lote trapezoidal, ligeiramente elevado com relação à rua. No seu fundo ergue-se uma das vertentes do Vale do Jaguaripe, recoberta de densa vegetação. O edifício é precedido de um átrio com escadaria e balaustrada. Devido à pequena frente do lado e posição recuada do edifício, o cinema constitui uma surpresa para o transeunte da Rua Padre Antunes, uma via construída por casas térreas de pequeno valor. O monumento faz parte do Centro Histórico da cidade. Edifício de interesse arquitetônico, construído para abrigar um cinema.
Planta retangular, superposta por cobertura de telha canal, disposta em duas águas. Seu espaço interno está subdividido em dois níveis: platéia, ligeiramente rampada; e galeria superior, em forma de ferradura. Sua fachada é dividida horizontalmente em cinco panos por pilastras. Cada um destes panos é vazado, no térreo, por portas de acesso, que correspondem a igual número de janelas, ao nível da galeria. As duas janelas extremas têm perfil em ferradura e falas balaustradas. A central é do tipo rasgada e possui verga semicircular. Recobre a parte central da composição um frontão triangular. Seu interior é interessante. O vestíbulo conserva decoração “art-nouveau”, com pinturas florais e pequenos medalhões com paisagens. O forro correspondente à platéia e guarda-corpo da galeria são em treliças. Cadeiras de madeira e equipamento de projeção alemã original.
Cine-teatro do primeiro terço deste século. A pintura “art-nouveau” das paredes internas é de autoria de Durval Bramont. Galeria em forma de ferradura como nos teatros italianos do Renascimento e posteriores. O “art-nouveau” teve pouca difusão no Nordeste; este é um dos poucos exemplos que se conservam.
O fundador do Cinema Rio Branco Felisberto Ribeiro Soares faleceu em 1953 e o imóvel passou para sua viúva, Cursina Ribeiro Soares, que faleceu em 1955, herdando a propriedade suas quatro filhas: Aidil, Denise, Margarida e Norma Ribeiro Soares.
Em 1971 o cinema é desativado e transformado em habitação improvisada de uma família, mas em 1979 novo proprietário dá início à reativação do cinema, não obstante a brilhante iniciativa da família Nagib Elias Boeri, entretanto, não obteve o êxito esperado.

Vampeta reinaugura o Cinema Rio Branco

Parecia até que Nazaré tinha entrado numa máquina do tempo. Com a mesma pompa da sua inauguração, em 1927, quando uma multidão com chapéus e trajes de gala assistiu à película romântica Uma noite de amor, estreada por Greta Garbo, o Cine Rio Branco reabriu suas portas, no dia l6 de junho de 2000, em mais alto estilo. Emocionada, a cidade recepcionou convidados muito especiais, a exemplo do craque Ronaldinho. Mesmo andando com dificuldade por conta do joelho imobilizado, o centroavante apareceu para prestigiar o amigo Vampeta, nazareno ilustre que se tornou um novo mecenas ao comprar e restaurar o antigo prédio com recurso próprio. Aplausos, choro e muita alegria marcaram a sessão inaugural. Naquele dia, a cidade tornou-se o centro das atenções para o Brasil (jornalistas dos principais veículos de comunicação do país foram cobrir o evento). E isso estava refletido, com satisfação, no rosto da população.
Desde 71, quando saiu das mãos da família Ribeiro Soares, o cinema fechou as portas várias vezes. Inativo desde meados da década de 90, o Rio Branco voltou a cartaz completamente restaurado, com 670 lugares e equipado para funcionar como espaço multicultural. Em 2000, a obra resgatou a feição original, promovendo o recondicionamento estrutural das paredes, substituição do telhado, que ganhou novo forro trabalhado e entrelaçado em Angelim e maçaranduba, madeiras de lei. A beleza original do prédio foi realçada em detalhes como a galeria em forma de ferradura, tal qual os teatros renascentistas italianos, e as pinturas art noveau das paredes, de autoria de Durval Bramont, artista de grande participação nos eventos culturais e recreativos nazarenos.
O Rio Branco é motivo de orgulho para Nazaré, a “Terra Morena” do Recôncavo Sul da Bahia e tornou-se uma referência para o estado pela sua efervescência cultural. Resgatar a vocação nazarena para as artes, oferecendo novas oportunidades à comunidade, foi um dos principais objetivos da recuperação do Cinema Rio Branco.
O Cine Teatro Rio Branco voltou à cena completamente restaurado, em 16 de junho de 2000, sendo o mais antigo da América Latina em funcionamento é uma das poucas construções da região Nordeste em estilo art nouveau.
Atualizado em ( 11-Sep-2007 )

Um comentário:

Claudio Guedes Salgado disse...

Muito interessante! A cultura nacional é impressionante, e mantém o Brasil unido e grande do jeito que conhecemos.
No entanto, preciso fazer uma correção. O cinema mais antigo do Brasil (não sei se o mais antigo da América Latina) é o cine Olympia, localizado em Belém do Pará, que completará 100 anos de funcionamento em 2012: http://www.cinemaolympia.com.br/