A Capela de Nossa senhora de Nazaré está situada no centro do Largo do Camamu, atual Praça Almirantes Muniz. O monumento localiza-se à margem esquerda do Jaguaripe. Sua fachada principal está voltada para o rio e a posterior, para a Rua Conselheiro Saraiva. A capela foi edificada nas terras da fazenda de Antônio de Brito e em torno dela de desenvolveu, no século XVII, um bairro muito ligado ao porto e à pesca. O monumento integra o Centro Histórico da cidade.
Edifício de relevante interesse arquitetônico, com planta construída de nave, capela-mor, sacristia e corretor lateral. Superposto por galeria envidraçada. Recobrem a nave e capela-mor telhados de duas águas, e, as sacristias e galeria, meias águas. O frontispício está subdividido em duas partes. O corpo principal apresenta uma portada, ladeada por duas janelas baixas, superpostas por duas janelas de coro, todas com vergas retas e cercaduras em cantaria. Culmina a fachada um frontão triangular, embrechado de azulejos, ladeado por pináculos. A torre apresenta janelas, ao nível do coro, superpostas por vão sineiro e terminação piramidal com igual acabamento. O interior é todo forrado: abóbadas de berço em tijolo na capela-mor e em madeira, na nave; forros prismáticos nas sacristias. Os pisos do térreo são de lajota cerâmica. Os altares são, em talha neoclássica, pintados de branco. No altar-mor está a antiga imagem de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da cidade. Outros destaques são as imagens de Menino Jesus, São Roque, São Sebastião, São Gonçalo e as Virgens dos Navegantes, Pilar, Bom Despacho e Boa Morte. Merece referência a pia batismal em pedra, revestida de azulejos. Capela seiscentista com alguns elementos bastante raros: copiar, que foi demolido em 1910, capela-mor com abóbada de alvenaria e galeria alta envidraçada. Os dois primeiros elementos são encontrados, também na Capela de Nossa Senhora da Conceição, da mesma cidade. O copiar é muito freqüente em capelas rurais do Nordeste dos séculos XVII e XVIII. Apresenta, porém decoração em caixotes, que foram cortados pelo tabulo, do século passado. A galeria envidraçada é encontrada em algumas igrejas de Ordens Terceiras, como a de S. Francisco (1703) e do Carmo (1803) de Salvador e se difundiu na arquitetura civil do final do período colonial. É provável que as sacristias e esta parte do edifício, com suas vergas abauladas, sejam do século XVII. A torre é, sem dúvida, do XIX.
Fernão Vaz, no século XVI, em nome de D. Álvaro da Costa, donatário de toda a Capitania de Peruaçu (ou Paraguaçu) e Jaguaripe doa a Antônio de Oliveira, em sesmarias, as terras que ficavam na margem esquerda do rio, em crente à Conceição. Mas tarde, as mesmas terras passam a Pero Carneiro e desta para Antônio de Brito, que ali estabeleceu engenho.
No ano de 1649, assinalado na portada, Antônio de Brito, proprietário da Fazendo Nossa senhora de Nazaré e Jaguaripe, constrói com a ajuda do povo a atual capela, com licença do Bispo D. Pedro Silva, comprometendo-se a zelar por ela e nunca “vender, alear ou transpassar”. Segundo a tradição, sua construção foi motivada pela aparição a uma cachopa da Virgem de Nazaré, provocando caudalosas romarias.
É criada a Freguesia de Nossa Senhora de Nazaré em 1753. O Padre José Loreato Cruz, em 1757, comunica aos seus superiores o deplorável estado da capela, “que por remédio serve de matriz”. Observa que além de ser antiga, devido a sua localização à margem do rio, está sujeita às inundações, tendo sido necessário por duas vezes tirar as imagens em canoa. Em 1919 é demolido o copiar da capela.
Em 09-3-1962, a população da cidade de Nazaré solicita através abaixo-assinado a SPHAN – Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a restauração do copiar da capela, ao tempo em que pede que sejam inauguradas em 16 de agosto, quando dos festejos em homenagem a São Roque.
Sob os auspícios da SPHAN, em 1979, são realizadas obras de restauração do telhado e, retirados os foros tripartidos de madeira das sacristias.
A igreja hoje é mais conhecida como igreja de São Roque, porque lá repousa a imagem do Santo, nos seus arredores acontecem as novenas e é de lá que sai e pra onde chega a tradicional procissão de São Roque.
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